Odeio aniversário.
Fico extremamente sensível, sou obrigada a falar com parentes que só me ligam por obrigação, me sinto velha, etc. Mas nada se compara a sensação de ver o tempo passando e você ficando pra trás. As pessoas ao meu redor todas felizes, realizadas, certas do que querem na vida e eu ali, perdida.
Resolvi estudar pra concurso. Já fiz um e fui razoavelmente bem pra quem só teve um mês e meio pra estudar. Vou fazer alguns em outras cidades e aqui também. Foi uma decisão muito difícil e confesso que até agora não sei se é a certa, mas eu preciso fazer alguma coisa, seguir algum caminho.
Já dizia aquela frase: se vc não sabe que caminho seguir, qualquer um serve.
Estou ficando muito cansada. Estudar cansa muito mais do que trabalhar. É um cansaço mental, aliado ao desespero da incerteza. "Poxa, e seu não passar?" "Vou decepcionar meus pais." "Tô ficando velha."
Meus familiares são aquele tipo nojento e fofoqueiro q sentam no próprio rabo pra falar dos outros. Já começaram a criticar o fato de eu não estar trabalhando.
E o pior é que eu deixo as críticas me abalarem. Pq não são criticas diretas, são fofocas que chegam até mim e não tenho nem como me defender. Tbm não vou bancar a louca e ir lá tirar satisfação, até mesmo pq nem encontro com essas pessoas.
Peguei duas causas e simplesmente não consigo sair do lugar. Uma já ta pronta, mas a preguiça de ir ao fórum é tanta que até hoje não protocolei. A outra causa eu estou com uma antipatia de começar que estou quase abandonando.
Meu pai mal olha pra mim, está visivelmente decepcionado por ver que eu não quero advogar. Ele é contra o fato de eu estudar, apesar de me dar todo o apoio financeiro necessário. Minha mãe me apoia até d+, ela me protege de tudo e muitas vezes isso não faz bem nem pra mim nem pra ela. Pra completar, meu irmão é 2 anos mais novo q eu e já está trabalhando numa empresa fodástica e ganhando muito bem. Ele já viajou pro exterior 3 vezes a trabalho este ano. Isso me da um desespero danado. Tenho orgulho dele e ele merece tudo que conquistou, mas não tem como não me comparar. E toda vez que eu vejo meu pai com ele ao tel, percebo a divergência de tratamento. Meu pai tem orgulho dele e de mim não. Sou um estorvo.
Minha priminha de 4 anos veio aqui em casa hj pela manhã me entregar um presente. E ela disse: Lu, vc não trabalha? Nossa, aquilo foi como uma facada.
Até uma criança está jogando na minha cara o fato de eu não estar trabalhando.
E ainda tem a dor da alma. A dor de não ser feliz, de não estar satisfeita com nada, de não querer falar com ninguém.
Muita coisa aconteceu este ano. Muita coisa mudou. Eu mudei. Posso dizer que estou uma pessoa mais fria, racional.
Amanhã é meu aniversário e se eu pudesse pedir um presente seria somente este: ter um dia feliz.